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Na mitologia Tupi-Guarani, Yby Marã E’yma significa “Terra sem males” e é uma espécie de paraíso. Os índios acreditam que é para lá que todos irão depois da morte.
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YBYMARÃ - A Cidade do Outro Lado - Capítulo 1 - A bolha
Ybymarã - A Cidade do Outro Lado
Capítulo 1 - A Bolha
A noite estava escura. Não havia luar, apenas pálidas estrelas pairavam graciosamente no céu enegrecido. Uma longa estrada desaparecia na paisagem onde imperava vegetação rasteira. Algumas árvores pontuavam aqui e ali ao longo da mesma, quase invisíveis devido à parca iluminação. Balançavam delicadamente em resposta ao gélido vento do inverno, o que provocava um fraco ruído semelhante a um uivo rouco e sombrio.
Ao longe, surgiu um par de luzes tênues e difusas, que trepidavam e, por vezes, desapareciam para reaparecer logo em seguida. Eram os faróis de um carro. Dentro do veículo havia quatro pessoas. Uma mulher ao volante com seu marido sonolento ao lado. No banco de trás, à direita, um rapaz distraído teclava em um celular. Ao seu lado uma menina observava a paisagem escura com olhar distante; estava segurando seu bichinho de pelúcia favorito, uma incomum girafa. Seus vastos cabelos crespos e escuros eram iguais aos da mãe.
Bem à frente, no sentido em que o veículo trafegava, podiam ser avistados alguns pontos luminosos. Assim que os viu, a mulher murmurou para si mesma:
— Não gosto deste lugar…
O marido sonolento responde:
— Como? O que foi?
— Estava dizendo que não gosto daquele laboratório.
— Ah, sim, do acelerador. Você sempre diz isso – responde o marido passando levemente o polegar e o indicador da mão esquerda nos olhos.
— Não gosto destas máquinas. E estou com mau pressentimento.
— Ana, é só um acelerador. E é dos menores.
Os pontos luminosos estavam se tornando maiores e mais numerosos.
— Pra mim não importa o tamanho. Acho essas coisas perigosas.
Neste ponto, o filho no banco de trás comenta sem tirar os olhos do celular:
— Só fazem experiências com luz, mãe. O acelerador gera um potente feixe de luz na frequência dos raios-X, que é usado para mapear com precisão diversos materiais.
O pai responde em tom irônico:
— Falou o “nerdeinstein”.
O filho nem ligou. A mãe comentou em tom sério:
— É, só fazem experiência com a coisa mais rápida do Universo.
O filho olhou para frente e complementou meio sorridente:
— Que trágico, mãe. A luz é rápida, mas é só luz.
Neste ponto, a filha ironizou, sem tirar os olhos da paisagem:
— Só que o papai tenta ultrapassar a luz de vez em quando com o carro.
O pai virou-se e fitou a filha por alguns segundos com olhar de desaprovação, mas não disse nada. O filho deu uma risadinha contida. Os pontos luminosos estavam agora à esquerda do veículo, que se aproximava da via de entrada do acelerador. O local era bem iluminado.
Com as luzes artificiais, a paisagem tornou-se um pouco menos sombria. Na verdade, era um lugar muito bonito. À direita, podia ser vislumbrada uma belíssima plantação de girassóis. À esquerda uma vegetação homogênea e rasteira indicava que ali era um campo de cultivo onde o plantio estava começando a florescer. O veículo passou na frente da entrada da via que levava ao laboratório, cujo edifício principal ficava a duas centenas de metros dali.
Enquanto o veículo avançava, a filha olhou para trás e observou melancólica as luzes que se distanciavam. A paisagem escureceu novamente. O pai permaneceu apático e o filho continuava no celular.
Então algo inesperado aconteceu. Houve um tipo de relâmpago que ocupou toda a abóbada celeste por uma fração de segundo. Em seguida, ouviu-se uma explosão surda e o veículo foi sacudido como se tivesse passado em um degrau de alguns centímetros. Na sequência, uma rápida rajada de vento pôde ser percebida em uma árvore próxima, sem maiores consequências. As luzes do laboratório, que ainda podiam ser vistas, desapareceram e a noite voltou a ser totalmente escura com o céu estrelado e sem lua.
A mãe freou o veículo, que parou de forma desajeitada no acostamento, adentrando ligeiramente o campo de girassóis. A filha soltou um grito agudo e breve. O filho agarrou-se como pôde ao banco dianteiro. Por alguns instantes, reinou silêncio absoluto onde apenas respirações ofegantes podiam ser ouvidas. Todos se entreolharam com expressão de surpresa. O motor do carro havia parado; apenas os faróis continuavam acesos.
Quebrando o silêncio, a filha perguntou em tom desesperado:
— Mãe, pai, o que aconteceu?
O pai respondeu exaltado:
— Não sei…
Virou-se para trás e perguntou ao filho:
— Rafael, você faz alguma ideia do que aconteceu?
— Parece que foi uma onda de choque, mas não dá para saber de onde veio.
O pai retrucou:
— Acho que veio do laboratório.
Apontou para trás, observando que as luzes do laboratório tinham apagado. Rafael olhou para trás e comentou:
— É, talvez…
O pai ficou pensativo por alguns instantes e depois perguntou:
— Alguém se machucou?
Todos responderam negativamente, com expressões de busca pelo corpo e um leve burburinho.
A mãe fitou o pai e perguntou:
— O que faremos agora, Tobias?
— Seja o que for que aconteceu, é melhor sairmos daqui.
— Não seria melhor ir até o laboratório e ver se podemos ajudar? Pode haver pessoas feridas lá…
— Não poderíamos ajudar em nada. Nem deixariam a gente entrar.
A filha disse contrariada:
— Eu não quero ir lá.
O filho concordou com o pai:
— O pai tem razão. Não poderíamos ajudar em nada.
— Estamos a 15 minutos de casa. Chegando lá, avisamos as autoridades – complementou o pai.
A mãe então concordou:
— Tudo bem…
Rafael olhou novamente para o laboratório. Agora havia algumas luzes que pareciam ser de emergência. Saiu do carro na tentativa de ver melhor o cenário, mas ficou junto à porta.
— O que está fazendo, Rafael? – perguntou o pai.
— Estou tentando entender o que aconteceu.
Olhou para cima e observou por alguns segundos a magnífica imagem da Via Láctea em todo seu esplendor. Percebeu algumas nuvens se movimentando, que ofuscavam as estrelas. Então pegou o celular e observou:
— Sem sinal… Eu ia avisar os bombeiros e a polícia, mas está sem sinal. E o seu, pai?
O pai pegou o celular e também estava sem sinal. Virou-se para a mãe que também pegou o dela e o da filha que estava na bolsa e observou:
— Nem o meu, nem o de Bruna está com sinal. Isso é estranho…
O pai disse para si mesmo em tom baixo:
— Não estou gostando disso…
Rafael observou mais um pouco o lugar e disse baixo para si mesmo:
— O que será que aconteceu?
Ficou pensativo por alguns instantes. Foi interrompido pelo pai:
— Rafael, entre, precisamos ir.
Ao virar-se para entrar, percebeu que um dos pneus estava murcho.
— Mais essa agora… – murmurou.
— O que foi? – indagou Tobias.
— Um pneu furado, pai…
— Não acredito… – disse Tobias, baixinho.
Tobias saiu do carro e foi ajudar o filho a trocar o pneu. Encontrou um pedaço de metal cravado no mesmo, que parecia ser uma das pontas de um rastelo. Jogou a peça no campo de girassóis, comentando em tom irônico:
— Que maravilha…
Concluída a tarefa, entraram no carro que então retomou cautelosamente o trajeto. Em seu interior, todos estavam irrequietos, preocupados e calados. Esta situação perdurou por apenas uns quinze segundos.
Neste momento, foi possível avistar, a uma centena de metros, luzes de sinalização que cortavam o céu escuro. Iam em direção ao laboratório. Mas eram rápidas e um ruído de turbinas podia ser ouvido.
A mãe comentou:
— O socorro está chegando.
O pai complementou, acompanhando as luzes:
— É, mas aquilo não parece um helicóptero.
Ana reduziu a velocidade na tentativa de acompanhar as luzes. Assim que o fez, o carro sacudiu vigorosamente como se tivesse passado em um grande buraco. A mãe parou o veículo de novo e disse levemente irritada:
— Mas o que foi agora? Um buraco na pista?
Rafael olhou para trás e murmurou:
— O que é aquilo?
Abriu a porta impulsivamente e desceu do carro, indo verificar o que parecia ser uma grande pedra exposta a alguns metros, fracamente iluminada em tom vermelho pela lanterna traseira do veículo. A mãe gritou:
— Não, Rafael, fique no carro!
O pai gritou em tom enérgico:
— Rafael, não faça isso!
Rafael, que estava agachado observando a pedra, levantou-se devagar com semblante espantado. Fez uma lenta varredura com o olhar enquanto dizia com voz baixa e perplexa:
— Mas o que foi que aconteceu aqui?
Tobias abriu e porta do carro e saiu, mas ficou ao lado da porta aberta. Acenando com a mão, chamou o filho:
— Venha, volte para o carro. Não é seguro aqui fora.
Rafael respondeu:
— Acho que nenhum lugar é seguro… você precisa ver isso, pai.
Tobias andou devagar em direção ao filho, desconfiado, observando o terreno em volta. Bruna aproveitou a deixa, abriu a porta e saiu correndo em direção ao irmão, deixando a mãe sozinha no carro, que murmurou indignada:
— Mas o que deu em vocês?
Ela observou o rosto de perplexidade em todos. A curiosidade superou o medo e Ana saiu do carro, indo em direção ao grupo. O que viu foi uma paisagem pitoresca.
A pavimentação da rodovia parecia ter sido cortada na diagonal e estava deslocada alguns metros à direita, de forma que o veículo, ao adentrar a “nova” pista, ficou do lado esquerdo da mesma, na contramão. Na linha de corte, tanto o pavimento quanto as áreas próximas estavam rebaixados uns 10 centímetros. A pedra que Rafael estava observando também tinha sido cortada. A superfície do corte era tão perfeita e lisa que parecia ter sido polida. A linha de corte no asfalto também era perfeita da mesma forma. Um arbusto próximo também estava cortado, e pelo que podia ser observado, a linha de corte era bastante extensa.
A “nova” pavimentação era muito mais elaborada. Era mais clara e as faixas estavam pintadas com esmero. As laterais do acostamento tinham pequenas lanternas de coloração âmbar a cada dois ou três metros que demarcavam todo o caminho. Pequenas placas acima delas indicavam que funcionavam com luz solar. O acostamento também era pavimentado e havia um gramado muito bem cuidado e aparado de cada lado da pista.
Bruna perguntou com ansiedade:
— Papai, o que está acontecendo? Estou ficando assustada…
— Não se preocupe, filha, estamos todos juntos. Mas acho que logo vamos saber.
Olhou para frente, fazendo um movimento com a cabeça para que Bruna olhasse também. Luzes de faróis acompanhadas de luzes de sinalização podiam ser avistadas ao longe. Era um veículo terrestre que vinha pela rodovia. Bruna abraçou o pai e todos se aproximaram para esperar a chegada do veículo. Então se deram conta de que, o que quer que tinha acontecido, era algo bem grave.
O veículo chegou e era estranho. Parecia um sedan policial, mas tinha linhas suaves, pintado de branco com detalhes em um tom vivo de azul. Pelo ruído, ou falta dele, concluíram que era elétrico. As luzes de sinalização no teto eram singulares, bem diferentes das que o grupo conhecia.
Duas pessoas saíram do veículo, uma de cada lado do banco da frente. Estavam usando algo que parecia uma armadura, preta, com um capacete. A armadura era elegante e impunha respeito. Havia um número de três dígitos na altura do peito do lado esquerdo, um era 743 e o outro 297. Do lado direito havia algum tipo de insígnia. Não pareciam portar armas ou qualquer outro dispositivo. Um deles, o 743, falou em tom tranquilo, mas enérgico:
— Cidadãos, fiquem calmos.
A voz soou ligeiramente metálica. Estava distorcida por algum dispositivo, mas era perfeitamente inteligível. Então complementou, estendendo a mão:
— Por favor, os dispositivos eletrônicos.
Tobias e Rafael, receosos, entregaram os celulares. Ana, temerosa, foi até o carro sob o olhar atento de 743 e pegou a bolsa. Tirou o celular dela e o de Bruna, mas, ao observar a intimidadora figura na sua frente, resolveu recolocar os celulares e entregou a bolsa. Bruna, então, perguntou:
— Mamãe, quem são eles? Vão levar a gente pra casa?
— Acho que são do governo.
Neste momento, os quatro se deram conta de que estavam em terreno desconhecido e não faziam ideia do que aconteceria dali em diante.
Enquanto 743 observava o grupo, 297 examinou os arredores. O grupo observava calado a ação dos dois. Depois de alguns minutos, chegou um segundo veículo, parecido com uma van. Era branco com detalhes em amarelo e tinha luzes de sinalização iguais às do sedan.
Então 297 fez um sinal de positivo para 743, que acenou com a mão esquerda chamando as pessoas que estavam na van. Desceram duas pessoas em trajes amarelos herméticos, portando algum tipo de dispositivo. Aproximaram-se do grupo. 743 reforçou:
— Por favor, cidadãos, permaneçam calmos.
743 e 297 se afastaram, mas permaneceram atentos. As duas pessoas da van se aproximaram. Eram um homem e uma mulher, ambos bem jovens. A mulher, falando devagar e em tom levemente misterioso, perguntou:
— Conseguem me entender?
Fizeram que sim com a cabeça, embora a pergunta soasse estranha. A mulher pareceu surpresa e olhou para o companheiro, que tinha a mesma expressão de surpresa no rosto. Depois de alguns segundos, ela fez referência a 743 e 297 e continuou:
— Eles não falam muito, não é?
A frase quebrou um pouco o gelo. O tom era calmo e havia um leve sotaque que não pôde ser identificado. A mulher continuou:
— Faz parte do trabalho deles. Me assustam, às vezes. A propósito, sou Carina.
Então olhou para Bruna.
— Que criança linda! – comentou.
Estendeu a mão para acariciar Bruna, que se afastou e foi acolhida pela mãe. Carina desistiu da tentativa. O homem, que estava sorrindo e tinha dado um passo para se aproximar de Bruna, desfez o sorriso e parou. Carina começou a preparar o equipamento que tinha trazido. O grupo se entreolhou, confuso. Ana então perguntou:
— Vocês sabem o que aconteceu? Por que estão com esses trajes?
O homem, que também estava preparando o equipamento, disse:
— Ainda não sabemos ao certo. Estes trajes são apenas precaução. Prazer, sou Lucas.
A voz dele soou com o mesmo sotaque não identificável de Carina. O grupo se entreolhou mais uma vez, dada a estranheza da situação. Resolveram, então, se apresentar, Ana, Tobias, Rafael e por último Bruna. Carina, então, disse:
— Com licença, temos que examinar vocês e o veículo.
O grupo concordou. Afinal, não poderiam fazer outra coisa e o tom amigável da conversa os deixou um pouco mais tranquilos. Lucas se dirigiu ao veículo enquanto Carina examinou o grupo. Após alguns minutos, terminaram o trabalho. Lucas disse:
— Não há nenhum sinal de radiação nem de contaminação química ou biológica. Também não localizei nenhuma anomalia quântica ou no espaço-tempo. Você obteve as mesmas leituras?
— Sim. E a biologia deles é compatível com a nossa. Somos praticamente idênticos – disse Carina.
— Espera aí… como assim, praticamente idênticos? – estranhou Ana, mas a única resposta que obteve foi um olhar rápido e discreto de Carina.
Neste ponto, puderam observar que não tinham visto nada parecido com aqueles aparelhos, que pareciam ser extremamente sofisticados. Carina tirou a máscara e olhou para Lucas que perguntou:
— Tem certeza que é seguro?
— Não detectamos nada, não há nenhum sinal de perigo e o ar da “bolha” já se misturou com o nosso. Estamos expostos de qualquer maneira.
Rafael estranhou o termo “bolha” pronunciado por Carina. Repetiu a palavra para si mesmo em tom de pergunta.
Lucas também tirou a máscara. A atitude aliviou um pouco o grupo. Ele disse:
— Por favor, venham com a gente.
Neste momento, todos começaram a perceber que a gravidade do fenômeno ocorrido era maior do que supunham. Tobias olhou para Ana que retribuiu e, em seguida, os dois olharam para Rafael, que estava pensativo e um pouco perplexo. Ameaçaram começar a andar, mas Rafael continuava parado.
— Venha, Rafael, vamos – chamou Ana.
O grupo seguiu então em direção à van. Bruna perguntou, meio assustada:
— Papai, aonde a gente vai?
— Não sei, mas vamos todos juntos. Não se preocupe, filha.
Ana comentou:
— O que será que vão fazer com a gente? E o que ela quis dizer com praticamente idênticos?
— Ela também disse que a biologia é compatível, algo assim… – observou Tobias.
Carina ponderou:
— Parece bem óbvio que não são daqui.
— Somos sim… moramos alguns quilômetros adiante.
Carina e Lucas, que estavam quase ao lado do veículo, pararam. Lucas virou-se parcialmente, ficando de lado, fez uma ex-pressão séria e disse:
— Vocês não têm mesmo nenhuma noção do que aconteceu, não é?
Tobias perguntou:
— O que você quer dizer com isso?
Um calafrio percorreu-lhe o corpo, sentimento que foi compartilhado por Ana. Começaram a perceber que estavam muito longe de casa. Rafael parou de andar e os pais fizeram o mesmo. Lucas então continuou:
— Já ouviram falar da Interpretação dos Muitos Mundos?
Rafael já havia entendido a situação. Hesitou um pouco e respondeu devagar e receoso:
— Ouvi sim. Everett1 defendeu uma tese sobre isso em 1957.
— Quem?
Esta única palavra caiu com o peso do Universo em Rafael. Ele aceitou de vez o que já sabia, mas não queria que fosse verdade. Ele meio que tropeçou, perdendo ligeiramente o equilíbrio. A mãe o amparou.
— Filho, você está bem?
Rafael disse meio trêmulo:
— Everett não viveu aqui. Nossa casa não existe mais. Tudo que conhecemos se foi…
Bruna comentou:
— Você está me deixando assustada…
Ana perguntou, perplexa:
— Como assim, Rafael? Do que você está falando?
— Mãe, estamos em outra Terra, uma Terra paralela. Tudo o que conhecemos da nossa está ali, – apontou para trás, de onde tinham vindo – todo o resto é desconhecido para nós.
O pai se apoiou discretamente na van, a mãe sentiu suas pernas fraquejarem e se apoiou no filho que agora estava um pouco mais equilibrado. Bruna, apesar da pouca idade, entendeu a situação e ensaiou um choro:
— Quer dizer que nunca mais vou ver a Gabrielle? – era a melhor amiga dela, sua “BFF”.
Rafael respondeu com visível tristeza:
— Não sei… não sei mesmo…
Todos permaneceram paralisados por alguns instantes. Então uma lágrima de dor e desespero deslizou pelo semblante amargurado de Ana, que acariciou o filho desconsolado. Bruna abraçou o irmão e procurou as doces carícias da mãe. Tobias abraçou a todos, calado e pensativo. O mundo deles havia desaparecido e todos entendiam isso.
1 Hugh Everett foi um físico estadunidense e propôs a interpretação dos muitos mundos da mecânica quântica em sua tese de doutorado na Universidade de Princeton em 1957.
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Comentários
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YBYMARÃ e as três camadas de percepção
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Parabéns, Edison. Belo trabalho!
ResponderExcluirO primeiro capítulo é super envolvente!!! Adorei!
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